terça-feira, 27 de abril de 2010

Pânico na Aldeia, por Carlos Antunes


Título original: Panique au village
Realização: Stéphane Aubier e Vincent Patar
Argumento: Stéphane Aubier e Vincent Patar
Elenco (voz): Stéphane Aubier, Jeanne Balibar, Eric Muller e Vincent Patar

Seria bom que alguém se tivesse lembrado de dar a este filme o título português de "Há Pânico na Aldeia", assim sugerindo na mente dos cinéfilos a ligação à primeira longa de Jacques Tati.
Afinal de contas, até um carteiro por lá anda, e teria sido a forma certa de levar ainda mais pessoas àquele que será um dos melhores filmes do festival.


Trata-se de um filme que convoca para o seu universo Tati, o burlesco do cinema mudo, os Monty Python, entre outros dos essenciais traços de comédia das muitas décadas que o antecederam.
Convoca para um universo que é, apesar disso, singular e muito original, começando desde logo pela sua escolha de personagens, loucas e bizarras, sempre humoradas.
Um cavalo que é o adulto responsável por duas "crianças" - um índio e um cobói, de atitudes irreflectidas, personagens que podiam ter saído da banda desenhada mais irreverente.


Mais ainda, a forma desta animação stop-motion, desavergonhadamente tosca, com os interstícios da sua feitura à mostra, com os bonecos hirtos, mostra a verdadeira dimensão da imaginação deste universo.
Um universo com a alma de criança, apenas limitado pela imaginação da brincadeira, se é que tal brincadeira tem limites.
O filme parece determinado a mostrar que a brincadeira não tem limites, seguindo de situação extraordinária em situação extraordinária.
Este filme não tem clímax pois a cada nova situação ele supera aquilo que poderíamos julgar já ser o máximo que ele nos podia dar.
Daí que sejam 75 minutos de riso imparável e insuperável, riso sincero.


50 tijolos que por engano se tornaram em 50 milhões levam-nos até uma viagem ao centro da Terra, levam-nos até uma batalha com criaturas anfíbias que poderiam ser seres de outro planeta a invadir os oceanos.
Levam-nos enquanto pressionam Cheval para chegar a tempo e horas à aula de música.
Todas as personagens correm sempre em pânico, quase sempre justificado, embora pareça ser o seu estado natural.
O espectador corre com elas, deliciado e sem nunca se cansar, até que os músculos da cara lhe doam!



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