sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Split Screen - Q&A

Na nossa página no Facebook propusemos aos nossos fãs que nos perguntassem o que quisessem. Aqui estão as perguntas e as respectivas respostas por parte dos quatro membros da equipa do blogue.


Qual é o filme das vossas vidas? (Francisco Rocha)

Ana Alexandre - Pessoalmente não consigo eleger um filme preferido. Mas contornando um pouco a pergunta, os filmes da minha vida são: O Padrinho (Parte I e Parte II que para mim funcionam como um só), 21 Gramas, Amor Cão, Kill Bill (Volume I e Volume II, que obviamente também funcionam como um só) e a trilogia d' O Senhor dos Anéis.

Carlos Antunes - Não sei indicar um (único) filme da minha vida, sobretudo porque com algumas décadas pela frente e muitos filmes por ver a escolha seria sempre errada ao fim de algum tempo. Respondo de outra forma.
A compreensão - ainda ténue e puramente inocente - de que o Cinema era algo mais do que o que passava na TV e me ocupava as tardes de fim de semana veio com o Chaplin.
Os seus filmes fascinaram-me (e fascinam) desde os 6/7 anos e foi o meu primeiro acto de Cinéfilo, começar a coleccionar as VHS editadas na altura com um texto que contextualizava o filme.
Apreciei os textos muito melhor, mais tarde, quando comecei a compreender melhor o Cinema.

Telmo Couto - Para mim não é uma escolha complicada a trilogia d'O Senhor dos Anéis, pois foi o filme (porque na realidade são um só filme) que mais antecipei em toda a minha vida e, provavelmente o que mais vezes revi. O imaginário de toda uma adolescência ser traduzido de forma tão brilhante para o grande ecrã foi algo que me marcou de uma forma diferente de qualquer outra coisa que tenha visto no cinema.

Tiago Ramos - Não é fácil encontrar um filme da vida. Há muitos que o são, em diferentes fases da vida. Não é uma escolha estanque, tem vários factores externos que a influenciam. A resposta que dou hoje, podia não a dar amanhã. Mas talvez diria: 21 Gramas, de Iñarritu.

Acham que o cinema actual está ao nivel de outras décadas, como a de 40 ou 50? (Francisco Rocha)

Carlos Antunes - Primeiro que tudo é preciso contextualizar o que se entende como o CInema de cada uma dessas décadas.
Por força dos meios que temos, os filmes que conhecemos das décadas anteriores não estão numa proporção directa para quantidade que vemos na época actual.
Mais do que isso, a maioria do cinema que nos chega dessas décadas está já filtrado por um gosto educado - seja o nosso, pelos conhecimentos adquiridos ou a de outros, que programam ciclos, por exemplo.
Ou seja, os filmes com os quais queremos comparar os actuais são a selecção do melhor das décadas anteriores ou, no mínimo, são a selecção sem o pior dessas mesmas décadas.
Mesmo que vejamos filmes "maus" são filmes exemplares de um certo cinema de culto ou usados como demonstração de puro gozo sobre o ponto ao qual chegou a produção de filmes da altura.
Daí que o nosso olhar esteja claramente influenciado por tudo isto.
Acho que a pergunta esconde uma comcepção diferente, no entanto, padronizando o Cinema pela pauta dos génios dessas décadas e querendo a totalidade da produção actual com essa ideia de agrupamento de filmes de génio da altura.
A história do Cinema é feita mais dos artesãos do que dos artistas. Se avaliarmos transversalmente os trabalhos dessas décadas contra o presente é provável que acabemos por encontrar uma mesma percentagem de filmes de alto nível nos dois casos.
Acrescento ainda o facto de muitos dos filmes que hoje são clássicos serem, na altura de estreia, ignorados ou atacados pela crítica.
A reavaliação crítica e da importância histórica de um filme leva a que apenas muitos anos depois um filme revele toda a sua influência.
E considerando que a crítica actual está globalizada e massificada, com cada espectador a ser um crítico para os outros graças à internet, é certamente muito mais difícil chegar a um consenso sobre um filme actual.
Quando o “pó assentar”, a década actual poderá ser tão relevante para o cinema como as referidas, com muitos dos filmes de má qualidade a nunca mais serem visto e, assim, a época sendo reavaliada da mesma forma.
Assim sendo, a minha resposta para esta pergunta é apenas que, se ainda se encontram motivos para se deixar fascinar pelo cinema no presente, então é tudo o que interessa.

Tiago Ramos - São fases distintas. O classicismo que existia nessa altura e aquilo que era padrão nos anos 40 ou 50, já não existe de igual forma hoje. Se está ao mesmo nível ou não, não sei... são eras incomparáveis. Está diferente.

Será que hoje em dia é possível encontrar cineastas tão inovadores como o Kubrick, ou mais alternativos como o Fuller ou o Sirk? (Francisco Rocha)

Carlos Antunes - A concepção pessoal do cinema de cada um desses autores leva a que haja críticos e apoiantes de todos eles, bem como pessoas que se sentem indiferentes perante tais cineastas.
Daí que esta resposta vá no sentido do "Depende".
Cada um avalia e compara estes cineastas da forma como acha mais correcta e, daí, tira a sua apreciação global.

Tiago Ramos - Num mundo massivamente influenciado pela cultura mundial, num mundo globalizado, é difícil criar algo completamente inovador. É difícil criar algo que nunca tenha sido inventado ou pensado. A resposta está evidente na nossa própria reacção: sempre que vemos determinado filme actualmente, encontramos sempre referências e ligações a outra obras.

Porque não existem dados em relação ao box office nacional, em termos semanais apenas 2009, e em termos de mais visto de sempre, apenas a partir de 2004? (João Costa)

Tiago Ramos - Obviamente que nós não possuímos informação desse género. Obviamente que podemos especular que anteriormente a isso simplesmente não haviam entidades organizadas que se preocupassem em reunir esses dados ou solicitá-los às distribuidoras.

Qual a série e o livro das vossas vidas? (Bruno Cunha)

Ana Alexandre - A série, caindo no clichê de rapariga (mas pronto, tenho direito porque sou a única por cá) é definitivamente Gilmore Girls. Nunca encontrei uma série com um humor tão instruído que não caísse na tendência de chick flick apesar de parecer um.
Quanto aos livros terão de ser 2: O Conde de Monte Cristo (Alexandre Dumas) e A Morte de Ivan Ilitch (Leão Tolstoi). Ambos focam essencialmente a desconstrução da humanidade, o primeiro em 900 páginas e o segundo em 80, ambos com uma acuidade impressionante.

Carlos Antunes - Novamente retomo a indicação sobre o filme da minha vida, não posso escolher apenas um e muito menos neste momentos.
Mas vou falar de alguns favoritos.
Escolhos dois livros. Um por afecto outro por lógica (embora também lhe tenha afecto).
O Rei de Havana mudou a minha forma de encarar o mundo e a literatura quando tinha os meus 14 anos. Sou fã absoluto da beleza rude do livro e até hoje sonho com aquela Havana. O autor até tem livros melhores, mas o afecto por este torna-o absoluto na minha biblioteca.
Crime e Castigo é a Literatura como eu gostaria de ser capaz de criar. Uma livro brilhante do (pessoalmente) maior autor alguma vez publicado.
Das séries indico Twin Peaks por também me ter sido dada a ver ainda muito novo.
Não me lembro de a ter compreendido e, no entanto, lembro-me de imagens dispersas que me fascinaram.
Até hoje pergunto aos meus pais como me deixavam ficar acordados a ver a série.

Telmo Couto - Começando pelo livro, sem dúvida que "O Senhor dos Anéis" foi a obra que mais me marcou. Atribuo muito disso à idade em que o li pela primeira vez e ao facto de ter descoberto nele uma história completamente diferente, já em idade adulta. Já no que diz respeito a séries, penso que a minha presença neste blog evidencia a resposta: LOST. Por muitas séries que goste de ver e acompanhar, nunca tive uma que me cativasse da mesma forma que LOST, quer pelos personagens, quer pelos mistérios apresentados.

Tiago Ramos - Diria "Sete Palmos de Terra", uma das séries mais completas e ricas de sempre. Para a escolha do livro apontaria "Ensaio sobre a Cegueira", uma obra que me marcou bastante.

Eu gostava de saber como é que se pode fazer parte dum projecto como estes que vocês têm, o Split Screen. E em que consiste, mais ou menos... É preciso critérios específicos, como funciona? (Diana Vilhena)

Telmo Couto - Posso dizer como vim parar ao Split Screen. Ao fim de 5 temporadas de LOST, era já um daqueles fanáticos que acompanhavam semanalmente os seus bloggers preferidos, para ler as suas teorias e interpretações da série e poder comparar com as minhas. Na minha ansiedade pelo começo da última temporada, tinha imensas ideias que gostaria de partilhar, mas sentia que não tinha uma voz própria na comunidade de fãs. Foi ao comentar com o Tiago e a Ana sobre a minha vontade de escrever sobre LOST que estes me convidaram e, principalmente, encorajaram a escrever no Split Screen.

Tiago Ramos - Este projecto nasceu por gosto pelo cinema e escrever sobre ele. Um dia decidimos criar um novo blogue, apenas para escrever da forma como gostávamos, sobre o que gostávamos e sem grande preocupação com a linha editorial. O Split Screen não teve critérios nenhuns na sua criação. É apenas mais um blogue de tantos outros pessoais que existem dentro de vários géneros. Apenas porque sim, porque gostamos de escrever. Se te referes ao facto de termos parcerias, isso veio de um trabalho posterior - após já termos visitas consolidadas - de contactação de várias empresas/blogues para pedidos de parcerias que achámos interessante. Mas o nosso blogue não é de passatempos, apenas o fazemos para agradar os nossos leitores. O blogue é sobre cinema e televisão e escrevemos porque temos gosto nisso. Quando o fizermos por obrigação, aí o Split Screen acabará.

Gostava de saber se os prémios que conseguem das parcerias que têm com outros blogues, cinemas e editoras são apenas em troca de divulgação e publicidade ou de algo mais? (Sofia Otto)

Ana Alexandre - Cada parceria tem as suas condições próprias, mas na sua generalidade as editoras, distribuidoras e cinemas ganham com a publicidade feita. Nós ganhamos com o número de pessoas que vêm ter ao blogue devido aos passatempos, sendo que alguns deles se tornam leitores assíduos. Essencialmente as condições básicas são estas: os parceiros disponibilizam o material, nós publicitamo-lo através de um passatempo e temos novos leitores graças a isso. Pontualmente alguma distribuidora ou editora pode enviar-nos um exemplar de algum material, mas não é um cenário comum. Já com o Sangue Fresco a parceria baseia-se em publicitação mútua de posts, sem qualquer obrigação implícita (quando alguma de nós acha um artigo interessante no outro blogue, publicita-o). Há ainda que referir que devido à parceria com o Cinema Nun'Álvares tivemos um espaço onde pudemos comemorar o primeiro aniversário do blogue, seguido de uma sessão de cinema (com bilhetes pagos, embora com desconto). Não fazemos isto por dinheiro, pois não há nenhum envolvido, fazemos por dedicação ao blogue e aos leitores.

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