domingo, 22 de maio de 2011

Homme au bain, por Carlos Antunes


Título original: Homme au bain
Realização:
Christophe Honoré
Argumento: Christophe Honoré
Elenco: François Sagat, Omar Ben Sellem e Chiara Mastroianni

Depois de uma primeira visão (desaproveitada) de Sagat no hype porno-gay-zombie de L.A. Zombie, tinha algum interesse em saber o que Christophe Honoré poderia retirar dele.
Honoré consegue, de facto, usar o corpo e a performance de Sagat, embora nem sempre na sua totalidade.
Aquele corpo que ocupa o ecrã e para o qual é inevitável olhar é o mesmo corpo que Honoré reduz ao desconforto embaraçado de uma criança.
Imenso, musculado, mas encolhido e frágil. Assim é a personagem de Sagat que revela mais subtileza como actor do que se esperaria.
O seu estado de limbo amoroso, submetendo-se ao desejo dos outros para abafar o sofrimento com as saudades do seu namorado, é a demonstração de como o seu corpo se impõe mesmo quando a sua vontade está derrotada.
Emocionalmente ele é uma criança com uma força sexual viril.
Mas quando Sagat é melhor utilizado é quando as duas questões se combinam de forma mais subtil, naquela submissão perante o discurso do escritor que rejeita pagar-lhe por sexo ou naquela dança de dona de casa abandonada.
O sexo é um fait-divers, podia nem sequer lá estar na definição do estado de espírito desta personagem.
O problema está na outra metade da relação. Aquela história de um realizador a deambular por Nova Iorque, a descobrir ele próprio uma alternativa ao seu amante, parece sinceridade a mais do realizador.
E, por ser sincera, parece igualmente uma história pouco trabalhada, um relato real não melhorado através da sua ficcionalização.
Só metade da história, a metade que foca Sagat, é realmente um filme como esperaríamos que Honoré fizesse. Sabendo que este filme se iniciou como uma curta-metragem fica mais claro que pareça haver um acrescento menos conseguido a essa história.



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