quarta-feira, 14 de março de 2012

Juan de los Muertos, por Tiago Ramos


Título original: Juan de los Muertos (2011)
Realização: Alejandro Brugués
Argumento: Alejandro Brugués
Elenco: Blanca Rosa Blanco, Elsa Camp, Alexis Díaz de Villegas, Jazz Vilá, Jorge Molina e Andros Perugorría

Juan de los Muertos deve ser visto à luz da sua simplicidade, modéstia e divertimento. Produção cubana de baixo custo mas cheia de vitalidade, energia e inteligência, o filme faz a sua sincera homenagem a Shaun of the Dead (2004) e a vários objectos do cinema gore e horror comedy, no seu subgénero zombie movie, mas aquilo que faz é feito de forma inteligente: recicla, mas introduz ideias originais e muito próprias. No seu objectivo de entretenimento, cumpre inteiramente (beneficiando se for visto num ambiente de grupo e pré-disposto), mas ganha pontos por assumir uma constante e coerente sátira política à situação de Cuba, utilizando referências inteligentes e marcantes e frequentes gags irónicos.  Consegue divertir, sem ofender o espectador (algo que parece cada vez mais difícil) oferecendo múltiplas pérolas em vários géneros, desde gags visuais, piadas recorrentes e simbólicas, comédia física, mas também subtil.

A nível de interpretação, grande parte do trabalho é feito por Alexis Díaz de Villegas (vencedor do prémio de Melhor Actor na secção Cinema Fantástico do Fantasporto 2012), uma revelação como actor que seria interessante continuar a seguir, mesmo que em outros registos. Mas também a nível secundário, as restantes personagens estão bem construídas (embora com menos enfoque), garantindo diversão, mesmo que algumas delas sejam demasiado estereotipadas. Tecnicamente há que destacar o conseguido com um orçamento limitado, onde temos direito a assistir a uma destruição quase completa da cidade de Havana (inclui-se helicópteros a explodir e edifícios em chamas ou a colapsarem). Mesmo que por vezes ligeiramente toscos, são efeitos visuais adequados e bastante bem produzidos. Alejando Brugués revela que é um realizador interessante, que sabe manejar bem câmara e que procura sempre ângulos interessantes para mostrar aquilo que podia ser banal, sabendo complementar-se com a boa fotografia de Carles Gusi.

Juan de los Muertos não é perfeito, mas é impressionante. Como filme de terror é meramente satisfatório, mas brilha como comédia satírica que sabe utilizar as expectativas dos espectadores (pelo facto de ser uma co-produção cubana) e dá-lhes aquilo que esperam, surpreendendo-os simultaneamente. É uma produção pensada, inteligente e divertida. Um interessante modelo a seguir para outras produções menores, um divertimento completo para o espectador.


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