sábado, 16 de junho de 2012

O Que Se Espera Enquanto Se Está à Espera, por Tiago Ramos



Título original: What to Expect When You're Expecting (2012)
Realização: Kirk Jones
Argumento: Shauna Cross e Heather Hach
Elenco: Cameron Diaz, Matthew Morrison, J. Todd Smith, Jennifer Lopez, Elizabeth Banks, Chace Crawford, Brooklyn Decker, Ben Falcone, Anna Kendrick, Dennis Quaid, Chris Rock, Rodrigo Santoro e Joe Manganiello

Há um problema quase sempre existente em filmes que utilizam grandes figuras mediáticas como forma de os promover. Problema que não se relaciona apenas com o facto de esse oportunismo poder querer indicar um pensamento consciente de que não há nada mais ali a destacar além dessas figuras. É sobretudo uma questão de foco, porque essa presença excessiva desvia a atenção da essência da personagem para a figura física da estrela. E esse é um grande problema em O Que Se Espera Enquanto Se Está à Espera, produção que se inspira naquele que é o grande manual para todos os pais ou futuros pais (especialmente nos Estados Unidos). Embora tendo em potencial um grande material para a comédia, acaba por se revelar um mero desfile de figuras mediáticas e não bastando isso, é oportunista ao ponto de, através de uma forma gratuita, utilizar populares formatos televisivos como os programas Dancing with the Stars ou Biggest Loser, para tentar conquistar uma audiência ainda mais generalista. O que por si só não serem factores depreciativos, não caísse o filme num enorme marasmo e redundância como acaba por se revelar.

O argumento do filme acaba por se dispersar em demasia, apresentado diversos tipos de gravidezes ou formas de a encarar, nunca dando o enfoque necessário a cada uma deles, diminuindo-lhes o espaço para comédia ao permitir uma montagem demasiado rápida e abrupta, numa tentativa de mostrar mais histórias do que deveria. E isso acaba por se notar, especialmente quando uma das histórias com mais potencial (a da gravidez que não chega ao fim) é resumida a uma mera nota de rodapé. O argumento de Shauna Cross e Heather Hach não sabe dosear entre drama e comédia, amortecendo o impacto dramática para um tipo de comédia (?) reles e medíocre que, na realidade, nem chega a ter verdadeira piada. Os breves momentos de piada são protagonizados por Rebel Wilson (que já tinha brilhado como secundária em Bridesmaids) ou pela participação especial de Megan Mullally, mas que no fundo não são mais que pequenos gags esporádicos e que servem como comic relief daquilo que deveria ser comédia e não é. Podemos contudo destacar o desempenho de Elizabeth Banks, uma actriz a entrar na sua melhor forma, que garante momentos divertidos e consistentes, talvez pelo realismo da situação, aliado ao seu talento. O resto não são mais que meras mostras de mediatismo sem qualquer consistência, piada ou carisma que culmina, porém, num momento de alguma diversão (mesmo que à base de piadas físicas): o parto.

Mesmo tendo as expectativas baixas ou realísticas para este tipo de produção e olhando para ela como um mero divertimento inofensivo, é difícil não olhar para O Que Se Espera Enquanto Se Está à Espera como uma das mais aborrecidas comédias dos últimos tempos, especialmente quando tinha entre mãos um grande potencial.


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