sábado, 16 de fevereiro de 2013

A Arte de Amar, por Tiago Ramos


Título original: L'art d'aimer (2011)
Realização: Emmanuel Mouret
Argumento: Emmanuel Mouret
Elenco: Emmanuel Mouret, Pascale Arbillot, Ariane Ascaride, Frédérique Bel, François Cluzet, Julie Depardieu, Élodie Navarre, Judith Godrèche e Gaspard Ulliel

A maior dificuldade nas produções antológicos é conseguir coesão entre as diversas histórias. Habitualmente repletas de diferentes visões sobre um mesmo tema, o problema reside precisamente na forma como cada uma delas é explorada sem desvalorizar o poder do filme como um todo. No caso deste A Arte de Amar o problema não é necessariamente esse, se bem que relacionado. O facto de cada uma das diversas narrativas em redor do Amor e das suas dificuldades e formas ser assinada (na realização e no argumento) pela mesma pessoa, beneficia em muito o carácter coeso de uma obra que, mesmo com histórias diversas, obedece a um mesmo e único olhar. Construído como uma espécie de manual sobre o amor e relacionamentos (o próprio título é uma referência a Ars Amatoria, um conjunto de três volumes escritos pelo poeta romano Publius Ovidius Naso, sobre a arte da sedução), o filme tenta diversificar os temas como se fossem simples notas de rascunho, encenadas por actores.

Por vezes divertido e sempre num tom leve, existem de facto algumas das histórias capazes de fazer o espectador esboçar, no mínimo, alguns sorrisos, bem embalados num formato clássico e tradicional na forma de compor este tipo de histórias (muito visível na produção francesa contemporânea e que tenta emular um registo típico norte-americano). Mas mesmo compreendendo o tom ligeiro com que aborda o tema, propositadamente superficial e cómico, em A Arte de Amar não deixa de se fazer sentir a banalidade de uma produção facilmente olvidável. Entre composições artificiais, nas quais facilmente se nota a encenação de uma intenção do realizador (e que bem a evidencia, ao colocá-las como moral entre quadros), o filme vive precisamente dessa inocuidade. É inocente, mesmo quando tenta subverter as regras típicas do jogo (na narrativa e na forma), por vezes excessivamente. Algumas das histórias são, compreensivelmente, mais cativantes que outras, com direito a diversos clichés dos relacionamentos, desde o solteirão que procura uma mulher, aos casados que começam a notar um desgaste no seu relacionamento, até aos mais jovens que procuram inovar a sua relação. O elenco é consistente, claro, mas também nenhum deles se destaca particularmente, muito por culpa da narrativa e realização de Emmanuel Mouret (também ele actor): demasiado padronizada, simpática e ligeira, mas sem nunca conseguir surpreender realmente o espectador e sem se deslocar dos defeitos típicos deste tipo de produção meio folhetinesca.


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