sexta-feira, 8 de março de 2013

Fantasporto 2013: Dia 11

Ao décimo primeiro dia do certame, começam também a terminar a exibição dos filmes em competição, mas mesmo assim continuam a surgir algumas surpresas. 

Kauwboy (2012), de Boudewijn Koole Uma estrelaUma estrelaUma estrelaUma estrela
Com uma narrativa muito simples, mas de grande sensibilidade, a surpresa neste filme está a forma delicada como se dirige uma criança de dez anos (o maravilhoso Rick Lens) num filme onde esta basicamente entra em todos os planos. A sua interpretação é bastante natural e cria facilmente empatia com o espectador, numa história que não sendo imprevisível, segue uma fórmula bastante competente e cuidada. Abordando os temas da ausência e do luto, o filme mascara um sentido de tragédia e repressão, sempre sob a perspectiva infantil, o que o torna particularmente simples, mas ainda assim muito bem executado.

O melhor aqui é a forma como o realizador vai conseguindo manter um misto de tensão e mistério, a um filme que logo desde o início se adivinha anti-climático. De produção modesta (com um orçamento de cerca de 40 mil euros), o filme é capaz contudo de manter o espectador interessado na história, que se vai percebendo cada vez mais psicológica, no sentido clínico do termo, por abordar temas como repressão de memórias, obsessão, tornando físicas as memórias passadas. É uma exercício simples, mas cativante, que contudo, o argumento não sabe rematar. O sentido anti-climático é percebido facilmente logo de início, mas não deixa de ser frustrante chegar ao fim e perceber que estamos perante um filme sem objectivo.

Modus anomali (2012), de Joko Anwar Uma estrelaUma estrelaUma estrela½
Thriller de terror de construção lenta, pelo que exige alguma paciência por parte do espectador na fase inicial. Mas feito esse investimento estamos perante um bom filme, com momentos negros, perversos e estranhos que garantem a conquista do espectador. Inteligente e surpreendente, com uma excelente interpretação de Rio Dewanto, estamos perante uma boa surpresa.

White Tiger (2012), de Karen Shakhnazarov Uma estrelaUma estrela½
Aquele que é provavelmente um dos filmes mais acessíveis do cineasta russo Shakhnazarov, não deixa de ser no entanto mais uma das suas obras firmemente consolidadas no cinema soviético e de realização austera. A curiosidade aqui é a forma como o filme oscila entre o drama da II Guerra Mundial e a fantasia, para depois culminar como uma reflexão filosófica acerca da guerra. Destaque para a direcção de fotografia e as cenas de guerra.

Como fazer um filme de terror sem o mostrar? Peter Strickland sabe-o. E o terror está lá, mas nunca o vemos. Um filme dentro de um filme. Ouvimos apenas aquele que é um giallo italiano e o terror que nos é mostrado, é apenas a sugestão doo mesmo, através da tensão que a narrativa vai sempre imprimindo, quase operática. O protagonista aqui é o som e é utilizado de forma fetichista (os cinéfilos vão adorar essa perspectiva), numa espécie de bastidores que recriam o processo de sonorização em pós-produção do filme. O resultado é um filme intenso, visualmente intrigante e sonoramente incrível, com um tom sempre tenso, expressivamente protagonizado por Toby Jones.

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