quarta-feira, 20 de março de 2013

Robô e Frank, por Tiago Ramos

Título original: Robot & Frank (2012)
Realização: Jake Schreier
Argumento: Christopher D. Ford
Elenco: Peter Sarsgaard (voz), Frank Langella, Susan Sarandon, James Marsden, Liv Tyler e Jeremy Strong

Não querendo reduzir um filme a uma corrente de género, Robô e Frank facilmente se integra no cinema actual que começa a dar também atenção a uma faixa etária mais idosa, nem que seja para potenciar o uso das suas estrelas, agora envelhecidas. Felizmente que este filme se enquadra para além desse mero retrato da terceira idade, sem porém nunca desconsiderar as noções reais do processo de envelhecimento. O maior destaque a fazer ao argumento de Christopher D. Ford é a forma notável como aborda esse tema, mas de modo mais ou menos subliminar, quando o torna num heist movie, num misto de comédia e drama, bem como umas leves noções futuristas. Na sua comédia charmosa e elegante, as acções das personagens são-nos entregues no formato de um conto que tem como intenção abordar a adaptação ao mundo e de como enfrentamos as constantes mudanças que nos são impostas.

O baixo orçamento e a inexperiência do realizador faz com que o filme peque por alguma inconsistência esporádica e momentos desinspirados, com a história a oscilar para o excessivo melodrama, mas não é também menos verdade que isso faz com que Robô e Frank assuma frequentemente um tom genuíno, raro neste tipo de história. Inteligente, competente e emocionalmente honesto, Frank Langella brilha num papel simples, mas comovente e memorável dentro daquele retrato estereotipado de velhote resmungão que redescobre uma motivação para viver, à medida que sofre com os processos naturais de envelhecimento e definhamento físico e mental. A dupla com Susan Sarandon transparece química, mesmo que a personagem desta não lhe ofereça grande destaque.

O argumento não chega a alcançar a plenitude que poderia, devido a algumas francas falhas e um rumo que nem sempre é bem focado. Mas o caminho do humor e da emoção é frequentemente capaz de sustentar a narrativa, fazendo de Robô e Frank um daqueles raros, simples e belos momentos de cinema.


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