domingo, 7 de abril de 2013

As Fantásticas Aventuras de Tad, por Tiago Ramos


Título original: Las aventuras de Tadeo Jones (2012)
Realização: Enrique Gato
Elenco de vozes: Meritxell Ané, Óscar Barberán, Belinda, Carles Canut, Fiona Glascott, Adam James, Michelle Jenner e Miguel Ángel Jenner

Ter a oportunidade de criar um produto de animação num mercado já absorvido na sua grande maioria pelos grandes estúdios é já motivo suficiente para parabenizar o realizador espanhol Enrique Gato. Especialmente porque este Las aventuras de Tadeo Jones nasceu de duas curtas-metragens disponíveis online em 2006 e 2007 que se tornaram populares o suficiente para ganhar a atenção dos financiadores e permitir que chegasse aos cinemas. Tecnicamente, tem qualidade suficiente para competir com os grandes filmes de animação e mesmo que não tenha o mesmo grau de complexidade nos detalhes mais simples, é muito bem animado, colorido e com o desenho das personagens feito de uma forma bastante cativante e por vezes até cómica. Já narrativamente, a história vai buscar inspiração óbvia (percebe-se de imediato pelo título ou poster) ao aventureiro Indiana Jones, recriando-o numa mistura trapalhona e engraçada, comum nos filmes de animação e que resulta num produto suficientemente alegre e cativante. É óbvio que para muitos isto não basta e se, para uma audiência mais infantil, a falta de criatividade possa até passar despercebida a maior parte do tempo, para os mais adultos ou mais exigentes torna-se demasiado longo para a história que conta. Isto porque não tem poder para se sustentar apenas com essas referências saudosistas da personagem Indiana Jones ou até do filme The Mummy (1999) e mesmo que as subverta na maioria das vezes de uma forma competente, acaba por se banalizar numa trama previsível.

Muitas das personagens são divertidas (o papagaio mudo, por exemplo), mas há outras também cuja composição deixa a desejar. Caso do guia Freddy, que é uma amálgama de estereótipos dos habitantes da América do Sul, na sua maioria ofensivos e que como tal transmitem uma mensagem errada ao espectador. Vale-lhe aquele humor trapalhão, genuíno e até ingénuo, perpetuado pela personagem de Tadeo Jones e a sua apaixonada Sara, uma espécie de Lara Croft, aventureira e enternecedora. De qualquer modo e especialmente levando em conta o nível de produção, As Fantásticas Aventuras de Tad não deixa de ser uma proposta agradável de animação para ver em família e que até nos deixa estimulados para, quem sabe talvez um dia, vermos algo do género também no cinema português. Haja mais produções que consigam penetrar assim o mercado.


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