sexta-feira, 27 de setembro de 2013

MOTELx - As Surpresas, por Carlos Antunes

The Battery (2012), de Jeremy Gardner


Um filme sobre o apocalipse zombie em estilo indie, ou seja, do ponto de vista de um par de sobreviventes que estão tanto um contra o outro como estão contra o mundo à sua volta. São várias as boas ideias que permitem ao filme ser um drama íntimo sem deixar de criar um mundo digno dos filmes de terror. Ou, se quisermos fazer a leitura ao contrário, excelente ideias em que o papel do dramatismo se substitui à falta de meios para cenas de espectáculo. Tal só deixa de se verificar quando o filme já vai a caminho do fim e insiste em demasiada na ideia de claustrofobia com que se encerra ao invés de resolver o conflito aberto pelo cruzamento com outros seres humanos. Prejudica o filme mas não chega a estragar a boa impressão que provoca. Uma estrelaUma estrelaUma estrela Carlos Antunes



Abductee (2013), de Yudai Yamaguchi


Não se esperava que o realizador de Meatball Machine e Deadball pudesse realizar um filme tão cheio de controlo: estilístico, dramático e espacial. Como na importância que o som tem para a compreensão da realidade do lado de fora do contentor em que encontramos o nosso protagonista, evitando que se tenha de sair daquele ambiente cerrado. Pelo menos até aos momentos finais em que o movimento exterior termina e se começa a conhecer algo mais do que o interior daquele espaço, no momento em que se reconhecem os gostos temáticos de Yudai Yamaguchi. Muitos saíram do filme desconcertados com aquele final extravagante, mas apenas porque não estarão habituados a encontrar numa parte da cultura nipónica este excesso pop que torna as obras bizarras aos olhos ocidentais. Até porque o final estava em acordo, temático e dramático, com o que vimos antes, não importa quão mais espalhafatoso do que o filme tenha sido. Uma estrelaUma estrelaUma estrela½ Carlos Antunes



You're Next (2011), de Adam Wingard


Não há outra maneira de o dizer: não dava nada por You're Next. Além dos dois responsáveis apenas terem mostrado uma boa ideia (levada para lá do que devia) nos seus segmentos das antologias que o MOTELx também foi mostrando, havia também os dois anos perdidos até que a distribuição do filme acontecesse. Isso certamente ajudou à surpresa, mas o trabalho do realizador e do argumentista também não deixam de ter o mérito de pegar numa boa ideia e conseguir aguentá-la durante uma hora e meia com algumas reviravoltas bem pensadas - e outras exageradas, verdade seja dita. Mas, sobretudo, conseguem fazer um thriller escrito com boas doses de humor negro. Infelizmente não tem terror suficiente, mesmo se tem muitas referências a filmes do género. Os autores são, sobretudo, criativos, faltando-lhes agora o domínio sobre como construir uma estrutura transversalmente sólida em torno das suas ideias. Uma estrelaUma estrelaUma estrela Carlos Antunes



John Dies at the End (2012), de Don Coscarelli


Paul Giamatti não é mais garantia de qualidade, mas antes garantia de um prestígio "à margem" que chamará a atenção para um filme. Neste caso merece-o, um filme que se joga na fronteira do abismo da comédia negra tresloucada e que consegue lá fincar a sua posição num crescendo de um imaginário que só se mostra absurdo porque assim o entende, pois as muitos excelentes ideias que tem - e que Douglas Adams teria aprovado - poderiam e deveriam ser momentos clássicos ou do cinema de aventuras ou da comédia. No meio de um filme de horror que não leva nada a sério e é assumidamente louco só poderão vir a criar um fenómeno de culto. Uma estrelaUma estrelaUma estrela Carlos Antunes

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