sábado, 16 de agosto de 2014

Os Mercenários 3, por Carlos Antunes



Título original: The Expendables 3
Realização: 


Trata-se de um absurdo que um filme como The Expendables 3, um filme "de tiros" sem história para mais de uma linha, tenha mais de duas horas de duração.
Ao terceiro filme o que era para ter sido uma temporária reunião revivalista com alguma auto-consciência e ironia (sobretudo no segundo filme) passou a um conjunto de filmes que se começam a levar a sério.
Tão a sério que já vimos Stallone e Schwarzenegger regressarem a solo em filmes de acção para os quais, realmente, já não têm idade - mesmo que se mantenham em forma, a nossa noção dos anos que passaram custam-lhes a credibilidade.
Vemos isso também neste filme em que os duplos de Wesley Snipes e Antonio Banderas surgem - muito mal disfarçados - a fazer acrobacias e Parkour.
Não há nenhum efeito de ilusão criado nesses momentos e a única conclusão é que estamos perante um filme de acção igual a tantos outros mas em que os protagonistas não podem fazer-nos fingir acreditar no que vemos.
Fossem essas cenas interessantes e poderíamos tolerar a incredibilidade plenos de adrenalina machista - há uma personagem feminina entre os Mercenários que pouco conta - acumulada há 30 anos. Não o são.
Depois de ter realizado o primeiro destes filmes, Sylvester Stallone deu o comando do segundo filme a um realizador com algum talento - Simon West, vindo de The Mechanic, mas que curiosamente não se reergueu desde servir esta "saga" - para agora chamar um Patrick Hughes que não parece ter olho para este género, nem uma amostra cinematográfica que justifique a escolha.
Aborrecidas e limitadas, assim são as cenas de acção na mão deste realizador que deixa a clara impressão de que se deve ter medo por o remake the The Raid já estar a si atribuído.
Seria até simples tornar o filme um pouco menos mau deixando-o ser um pouco mais escorreito, uma forma de aumentar a tolerância do público se não o seu apreço.
Bastaria ter cortado todo aquele ridículo bloco durante o qual Stallone se dedica a juntar uma equipa de miúdos para o assistir depois de ter afastado os seus velhos parceiros porque não quer ser responsável pelas suas mortes.
O tempo perdido aí, para que eles acabem raptados pouco depois e os velhos tenham de os ir salvar, torna tudo intolerável porque nem sequer são os protagonistas esperados a receberem tempo de ecrã e amedontra-nos com a ideia de que Stallone esteve a lançar as bases de um grupo mais novo que poderá prolongar este título indefinidamente.
Das novas chamadas entre os velhos actores há pouco a dizer. Banderas tem um ou outro momento de graça degladiando a memória de Zorro. Snipes recuperado depois de três anos de prisão merecia um pouco mais por ser melhor do que a maioria. Ford faz uma perninha, pouco mais do que um cameo, sem falas realmente interessantes.
Sobra Mel Gibson, dos poucos com verdadeiro talento e com tempo para o mostrar. Ou melhor, para transformar uma caricatura num vilão.
Tal como Snipes teve o seu momento negro mas para o ver fazer o que faz aqui sem nenhuma esforço vale a pena apagar a memória dos seus problemas.
Só que Mel Gibson está no meio de um mar (de chamas?) de conveniência, previsibilidade, clichés e ridículo.
Tendo sido dos menos tolerantes com o regresso de Stallone e uma série de parceiros que escolheu, não deixei - por motivos mais ou menos casuais - de acompanhar o progesso de The Expendables para The Expendables 2.
Espero que este terceiro segmento deste cinema de acção para reformados seja o ponto final neste revivalismo, mas será certamente o último a que eu darei atenção - e julgo que também assim será com a generalidade do público.




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