sábado, 28 de maio de 2011

O Meu Bom Inimigo, por Carlos Antunes



Título original: Min bedste fjende
Realização:
Oliver Ussing
Argumento: Oliver Ussing e Søren Grinderslev Hansen
Elenco: Nikolaj Støvring Hansen, Rasmus Lind Rubin e Clara Bruun Sandbye

O Meu Bom Inimigo foi para mim a repercussão de A Onda ao abordar a facilidade da transformação ideológica grupal.
Mas baixando a um nível etário ainda menor, o filme tem um poder de choque maior, mostrando como o comportamento grupal é uniforme no seu interior anónimo, mas igualmente como é altamente mutável nos extremos onde a violência é predominante, favoravel ou desfavoravelmente.
Um poder de choque que passa, igualmente, por uma criatividade da violência que parece demasiado natural na imaginação ainda demasiada aberta destas crianças.
Em que outra idade poderia parecer tão natural e tão versátil o sadismo de utilizar as fagulhas de um foguete como substituto de um chicote?
O filme usa bem o próprio universo infantil - um Mangá como manual de comportamento, por exemplo - para nos mostrar personagens maduras, capazes de iniciarem padrões de comportamento que deveriam estar adiados mais 3 ou 4 anos.
Mas é essa reacção que se tem de esperar quando a percepção de violência e perda de inocência são adiantadas elas próprias diversos anos no processo de crescimento destes miúdos.
A sua reacção depois, é a de cerrar fileiras dentro de si mesmos, subir os degraus de comportamento para que cheguem de vítimas a bullies.
E mesmo quem começou como vítima, desde que assuma o comando, terá seguidores: cobardes submissos ao poder, independetemente de quem o tenha.
Já agora, Rasmus Rubin, se for bem cuidado, poderá ser um óptimo actor. Neste momento conjuga o melhor da criança-actor e do adolescente irado. Tem momentos em que é assustador e as suas feições são memoráveis.




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