quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Semana em Crítica - 22 de Agosto

Dá & Leva (2013), de Michael Bay


É uma das surpresas do ano, até porque nada fazia antever que Dá & Leva seria um filme mais inteligente do que aparenta. Michael Bay tem em mãos aquele que será muito provavelmente o seu melhor filme, com uma narrativa que chega a ser ainda mais interessante quando sabemos que a irreal e bizarra história é verdadeira. Um filme que facilmente se enquadra entre títulos deste ano como Spring Breakers e The Bling Ring pelo seu olhar cínico da sociedade contemporânea. Tal como The Bling Ring que retratava a futilidade por um olhar (aparentemente!) fútil, também Pain & Gain oferece um olhar aparentemente (!) estúpido para retratar a estupidez humana. Divertido, electrizante e ridículo, Michael Bay oferece uma das comédias mais negras dos últimos anos, sem perder o toque estilizado a que o seu cinema sempre obedeceu (e que aqui resulta brilhantemente). É o sonho americano pelo ponto de vista mais surreal e repugnante que poderíamos ter e é por isso também um bom filme.   Uma estrelaUma estrelaUma estrela Tiago Ramos

Jobs (2013), de Joshua Michael Stern


Se procuramos de imediato na figura de Ashton Kutcher um motivo para criticarmos este Jobs talvez fiquemos surpreendidos. É verdade que o actor raras vezes consegue sobressair da sua própria identidade de actor e fazer-nos de facto acreditar que este é Steve Jobs, mas o seu trabalho de pesquisa é notável, sobretudo na forma como fisicamente se consegue assemelhar à figura, até no modo como coloca a voz ou na postura corporal. O problema do filme é porém muito mais profundo, com o realizador Joshua Michael Stern sem conseguir assumir o controlo da produção, com um olhar muito formatado pelos convencionalismos televisivos de uma biografia e com um trabalho de montagem absolutamente desastroso (ora muito rápida e por isso desajustada ou sem saber eliminar aquilo que não influencia positivamente a estrutura do filme). A narrativa é também ela preguiçosa e tendenciosa (apesar de conseguir oferecer alguns momentos corajosos na forma como apresenta a figura de Steve Jobs), na forma como promove um ícone e um génio absoluto e dogmático. Salva-se sobretudo Josh Gad, na sua brilhante e humanista personificação de Steve Wozniack, co-fundador da Apple. Um filme olvidável - embora seja capaz de entreter minimanente - que nos faz sobretudo ansiar pelo trabalho vindouro de Aaron Sorkin sobre o mesmo tema. Uma estrelaUma estrela½ Tiago Ramos

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Custa-me a admitir, mas sim! É estúpido, mas é assim que devia ser! É bastante divertido...

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